Petição de empresário português pede a primeiro-ministro do Canadá que “olhe mais” para o setor da restauração
Toronto, Canadá, ?? abr (Lusa) - Um empresário português no Canadá vai lançar uma petição pedindo ao primeiro-ministro Stephen Harper que “olhe mais” para a questão dos trabalhadores do setor da restauração.
Carlos Martins, proprietário do restaurante 'Churrasqueira Martins', disse hoje à agência Lusa que a petição a ser lançada na quarta-feira (dia 22 de abril) vai solicitar ao primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, que “olhe mais para o setor da restauração” dadas as dificuldades que sente atualmente para contratar um cozinheiro especializada em gastronomia portuguesa.
“Neste momento tudo o que é português ou europeu eles (governo federal) estão a cortar tudo. Não sei porquê. O meu negócio já emprega cerca de 20 pessoas. Estou a precisar de cozinheiro e não me aprovam contratos. A lingua oficial é a inglesa, mas se não souber falar inglês tem de falar português pelo menos, para nos entendermos”, criticou o emigrante de 50 anos.
Carlos Martins, um português nascido em Luanda (Angola), está desde 1987 no Canadá, e reconhece que as dificuldades sentidas ao longo dos anos foram aumentando, conseguindo em anos anteriores empregar trabalhadores especializados em cozinha portuguesa, mas atualmente, necessita de um cozinheiro e “não está a ser muito fácil a encontrar soluções, sendo-lhe negado, já por diversas vezes, contratos de portugueses".
“Quem está na cozinha tem de saber o que está a fazer. Não falo nas outras áreas como são os empregados de mesa, mas quem está a cozinhar, tem de saber o que está a fazer. Se esta é uma 'casa' de cozinha típica portuguesa, não vou meter ali um cozinheiro doutra etnia, um chinês ou um canadiano, porque chegam aqui e não sabem fazer o seu trabalho”, justificou o empresário.
Apesar de já ter publicitado por diversas vezes num dos principais jornais diários da cidade, o Toronto Sun, os candidatos que o contatarem “não eram entendidos na cozinha portuguesa".
“Não posso empregar uma pessoa que não perceba de cozinha portuguesa. A gastronomia canadiana, a francesa e a portuguesa têm algumas diferenças. Temos de ter pessoas especializadas. Apareceu-me também aqui um jovem luso-canadiano, que estava a frequentar um curso de cozinheiro no Humber College (instituto politécnico), dei-lhe trabalho, só apareceu no primeiro dia”, contou.
Carlos Martins mostra-se também indignado perante esta situação que considera "um pouco ridícula e que não se admite num país grande e bom como o Canadá, que vive de emigrantes”.
“O governo devia de olhar para as grande infra-estruturas que foram construídos pelos portugueses e italianos, alguns deles morreram lá, muitos não sabiam falar inglês, e ainda hoje pouco falam, e estão cá há 50 anos. Construíram a CN Tower, prédios de grandes dimensões em Toronto. Acho que o governo devia de olhar para o passado porque há gente boa em todo o país, como há gente má. O país necessita é de gente trabalhadora”, alertou.
A Churrasqueira Martins, aberta há seis anos, está localizada numa área onde reside uma grande comunidade portuguesa em Toronto, na Rogers Road, tem 20 empregados, todos portugueses e de origem lusófona, e já foi distinguida por duas vezes (2011 e 2013) como melhor restaurante português na cidade, pelo Toronto Top Choice Award Winners.
A petição, a que a agência Lusa teve acesso, é dirigida ao primeiro-ministro do Canadá e à alta representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança, Federica Mogherini, pretende defender os interesses dos restaurantes, padarias, talhos e outros serviços de alimentação portugueses e italianos em Toronto.
“É absurdo que o Canadá não consiga treinar os seus próprios chefes, cozinheiros e açougueiros (talhantes), e depois deporte trabalhadores da área alimentar provenientes de Portugal e de Itália”, começa por referir o texto da petição.
Segundo refere o documento “é imoral que o Canadá faça dinheiro sujo pressionando os trabalhadores (portugueses e italianos) dos serviços da alimentação a trabalhar ilegalmente , enquanto que trabalhadores de Inglaterra, Irlanda e França o podem fazer legalmente”.
Por fim, a petição aborda a questão dos emigrantes que não dominam o inglês, comparando “a não deportação de políticos canadianos que reprovem nas das línguas oficiais do país (inglês e francês)”, questionando o “porque da deportação de trabalhadores integrados com sucesso, que pagam impostos, e que falham no exame (linguístico).
O documento estará disponibilizado para subscrição em estabelecimentos do setor da restauração e vai ser apresentado oficialmente na Churrasqueira Martins, esta quarta-feira (dia 22 de abril), pelas 11:00 (16:00 de Lisboa).
De recordar que milhares de trabalhadores estrangeiros temporários, vão ter que abandonar o Canadá, senão correm o risco de deportação, após o contrato de quatro anos ter cessado e não terem êxito na candidatura ao estatuto de residente permanente.
O ministro da Cidadania e da Imigração do Canadá, Chris Alexander, afirmou no dia 13 de abril, em Brampton, no Ontário, que dentro de duas semanas o governo canadiano prenunciar-se-á sobre a situação desses mesmo trabalhadores.
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